Fonte: mcepress
Ação do Sistema CFQ/CRQs e Abipla promove combate à desinformação
Em 2022, o Conselho Federal de Química e a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA) davam início ao audacioso projeto de combate à desinformação em uma área crescente e, até, assustadora: as misturas caseiras de produtos de limpeza e o comércio irregular do setor. Agora, em 2023, a ação chega em sua terceira edição, dessa vez no Rio de Janeiro, capitaneada pelo Conselho Regional de Química da 3ª região (CRQ III) e com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
Na manhã de segunda-feira, dia 3 de abril, na Biblioteca Parque Estadual, com público de aproximadamente 60 pessoas, entre servidores da área de serviços gerais, profissionais de limpeza, influencers e jornalistas, o debate sobre os riscos da misturas caseiras ganhou um novo capítulo, dessa vez, com uma conversa direta com os principais usuários. Os perigos ao conduzir "experimentos" que, supostamente, prometem melhorar resultados foram o destaque do dia.
Já na abertura, o diretor da Abipla, Paulo Engler, trouxe dados que demonstram o tamanho deste setor que conta com mais de 8 mil fábricas no país, sendo o 4º maior do mundo, e estando presente em mais de 1 mil municípios. Ainda, em fala, lembrou um dado curioso, no período da pandemia os produtos mais vendidos foram água sanitária e polidor de móveis. No entanto, outra pesquisa conduzida pela entidade evidenciou um dado alarmante, o crescimento da venda de produtos irregulares e o volume de acidentes com as misturas caseiras, um dos principais motivadores para o início da parceria com o CFQ e começo das campanhas de combate à desinformação.
Já arrematando o assunto e explorando agora sob a ótica dos riscos à saúde, o conselheiro federal, Ubiracir Lima, em tom descontraído, mencionou a importância de ler o rótulo das embalagens e o perigo que existe ao conduzir tais experimentos. "São produtos químicos e precisamos estar atentos. A água, por exemplo, é perigosa? E se não soubermos nadar? Os produtos de limpeza são químicos, pensados e dosados em proporções corretas e para determinadas formas de uso. Ao alterarmos, temos um nova reação, que pode até ser explosiva" alertou aos participantes, ressaltando, principalmente, a necessidade de uma maior atenção aos rótulos.
Jonas Comin, também conselheiro federal do CFQ, por sua vez, falou como Sistema CFQ/CRQs e como os Profissionais da Química pertencem a este universo. Seja ao enfatizar a necessidade de verificar a procedência de um determinado produto, ou sobre as parcerias promovidas pela entidade com órgãos como a Anvisa, a fim de, acima de tudo, proteger a sociedade. "Às vezes temos dificuldade de ver a presença da Química em tudo o que nos cerca, mas ela está presente no ar que respiramos, na roupa que vestimos, no que comemos e em como realizamos a nossa higiene. Ela é essencial e, por isso, temos que estar atentos aos locais onde ela se faz imprescindível, como, por exemplo, nos produtos de limpeza", completou reforçando a relação entre a presença do profissional na fabricação, que tem como consequência direta a segurança do produto e da saúde pública.
Para o presidente do CRQ III, Rafael Almada, a terceira edição veio para demonstrar o crescimento dessa ação, que ainda deve percorrer outros estados. "Hoje conversamos diretamente com as pessoas que mais utilizam, que fazem as 'misturas', e que correm riscos diariamente. Hoje, mostramos os riscos à saúde pública e demos mais um passo no caminho que percorremos desde a pandemia: o combate à desinformação, por meio da promoção de conteúdos relevantes e que tem como objetivo final a orientação à sociedade", finalizou.
Fátima Aroucha, auxiliar de serviços gerais, e que participou do evento por meio de convite da Secretaria Estadual de Cultura, apesar de ser acostumada às misturinhas, afirma que a partir do workshop e de tudo o que aprendeu, entendeu que é melhor não correr riscos. "Eu aprendi muito com o curso, que deu muitas instruções, e me ensinou a trabalhar com mais responsabilidade. Agora eu estou bem preparada para exercer a minha função", comentou.
Já Simone dos Santos Rezende, pastora e que atualmente trabalha com resgate de pessoas de rua, fez um relato sobre ter ido parar no hospital por uma mistura indevida: "Por eu ter 'TOC de limpeza', o que foi falado na palestra já aconteceu comigo, eu passei mal porque eu misturei o hipoclorito com o bicarbonato. Aquilo ferveu em cima da minha pia, que é de mármore branco, eu passei mal, tomei leite e fui parar no hospital. Também descobri que eu faço outra coisa errada, que é passar o vinagre no chão", destacou a pastora, que agora também confirma que não fará mais experimentos e que por ter voz ativa em sua comunidade, vai repassar o que aprendeu durante o workshop Mistura Explosiva.
Com interação do público, relatos de misturas indevidas e acidentes domésticos, aprendizados sobre leitura do rótulo e, por fim, interação com um tabuleiro do jogo em tamanho real, os participantes da terceira edição levaram para casa conhecimento com a promessa de replicar no dia a dia, além de exemplares dos jogos.
